A possível bolha no mercado de ouro começou a ser discutida no final de outubro, quando os preços do XAU/USD despencaram após atingirem uma máxima histórica, e o debate continua. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) alerta investidores para não se deixarem levar pela compra do metal precioso, que cada vez mais passa a se comportar como um ativo de risco.

Desde o início de 2025, o S&P 500 registrou 20 novas máximas históricas, enquanto o ouro alcançou 50. Segundo o BIS, é a primeira vez em 50 anos que índices acionários e o metal precioso apresentam sinais simultâneos de bolha. Um dos principais alertas vem do comportamento dos investidores de varejo. Normalmente, o FOMO, medo de ficar de fora, está associado a ativos de risco, mas neste ano também contaminou o XAU/USD.

A entrada agressiva dos investidores de varejo deu novo impulso ao rali do ouro. Esse grupo costuma agir de forma distinta dos grandes investidores institucionais, que estão retirando recursos do mercado de ações e mantendo postura neutra em relação aos metais preciosos. Enquanto isso, investidores menores seguem comprando tudo o que podem, confiantes na continuidade dos ciclos de afrouxamento monetário e na manutenção de liquidez abundante. No entanto, não há garantia de que esse cenário realmente se concretize.

Dinâmica das expectativas em relação às taxas do banco central

Há apenas uma semana, o mercado de futuros estava confiante de que o Federal Reserve reduziria a taxa de juros para 3% em 2026. Agora, porém, surgem dúvidas até mesmo sobre a realização de dois movimentos de afrouxamento monetário pelo Fed no próximo ano. Derivativos de países como Japão, Austrália, Nova Zelândia e Suécia já precificam, inclusive, um possível aperto na política monetária. Uma guinada mais hawkish nesse ambiente pode levar à desvalorização do dólar americano frente às principais moedas globais. Ainda assim, os rendimentos dos Treasuries dificilmente recuariam de forma significativa, dadas as condições atuais da economia global. Segundo a Fitch Solutions, o ouro perderia um suporte importante e corre o risco de cair abaixo de US$ 4.000 por onça caso a Reserva Federal passe a considerar mais de perto as posições de outros bancos centrais.

Em contrapartida, o RBC Capital Markets elevou suas projeções para o metal precioso, estimando preços de US$ 4.600 em 2026 e US$ 5.100 em 2027, citando como principais motores os riscos geopolíticos, o déficit orçamentário persistente dos EUA e a continuidade do afrouxamento da política monetária pelo banco central americano.

Expectativas do mercado para a taxa de juros dos fundos federais

No curto prazo, o destino do ouro dependerá do veredicto do Fed e das projeções dos membros do FOMC para a taxa dos fundos federais. Uma retórica mais incisiva por parte de Jerome Powell pode rapidamente colocar os touros de XAU/USD em seu devido lugar.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o ouro percorre uma fase de consolidação de curto prazo dentro da faixa de US$ 4.165–4.265 por onça. Apenas um rompimento convincente acima ou abaixo desse intervalo permitirá que o metal precioso defina sua próxima direção — seja de alta ou de correção. Nesse contexto, faz sentido considerar ordens pendentes: de compra acima de US$ 4.265 e de venda abaixo de US$ 4.165.